quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O indivíduo frente a ética nacional (destilado)

Transcrevo aqui a redação que escrevi no ENEM 2009. Particularmente, pela primeira vez (e espero que seja a última) colocam em cheque um tema que eu tenho base para argumentar a questão. O parênteses expressa meu desejo de nunca mais fazer ENEM. 180 questões e uma redação no final de semana, é no mínimo complicado. Bom, la vai.

O Brasil sempre teve de lhe dar com situações cuja a ética é questionável. Atualmente, esta é algo que a cada dia que a cada dia perde seu valor moral frente a sociedade, ao indivíduo em si.
Vivemos em um momento histórico em que o famoso e básico "jeitinho brasileiro" tornou-se algo louvável ao invés de seguirmos as normas como foram propostas. Atos que há tempos seriam considerados vergonhosos como "furar" fila, por exemplo, é hoje tomada como uma ação inteligente. O político corrupto já é considerado um clichê, não nos assustamos mais com a falta de escrúpulos desta estirpe de pessoas cuja finalidade original era proporcionar e garantir os direitos dos cidadãos que vivem sob seu mandato.
Do outro lado sobram as pessoas cuja fibra moral e ética permanecem, ainda que em pouca parte da população de fato. O humor ácido e sarcástico de Millôr Fernandes no texto de apoio é um triste exemplo o qual vimos e rimos frente a algo que pouco a pouco (se ainda não se tornou) encaramos como um novo clichê. Ácido e cruel, porém real. E quem encara tal situação como algo a ser revisto é mal visto pela sociedade.
O país em que vivemos hoje tornou-se a "caverna" do mito de Platão. Contemplamos as "sombras", a alienação da televisão, cuja opinião já está formada e é "vomitada" em cima de nós. O assistencialismo da política que sempre nos traz soluções a curto prazo em troca do seu "abençoado voto". Observamos todas as imperfeições de nossa sociedade e à aplaudimos como a verdade única, absoluta, que ninguém tem o direito de tentar mudar, pois se ousar, há de ser impedido, assim como no mito da caverna.

Para quem ficou curioso: 1ª prova: 47 acertos; 2ª prova: 49

Carta ao pai (destilado)

Em meados de outubro, escrevi esta carta em versos para o meu pai com a finalidade de me demitir. Bom, vontade não me falta, mas por questões financeiras há de se suportar, não?!
Ia entrega-la no início deste mês.
Particularmente, é uma carta de muito bom gosto, eufêmica e criativa. Espero que gostem.

Fim do ano já chegou
Se aproxima o verão
Com um mês de antecedência
Anuncio minha demissão

Escrevo no fim do ano
Porque tenho uma intenção
Quero deixar o trabalho
Com o 13º na mão

Acredite, é só por isso
Que aguento até então
Se não quisesse esse dinheiro
Já tinha saido há um tempão

O ano novo está chegando
O natal já está aí
Junto a ele o fim do emprego
Logo estarei fora daí

Esta fase pós-escola
Começou ano passado
Recebi a grana do mês
O que foi de meu agrado

Mas queria mais dinheiro
Valorizei meu trabalho
Não recebo o que devia
E nunca foi de meu agrado

Sabe porque o dinheiro não traz felicidade?!
Passamos o dia inteiro em busca de dinheiro
Sem ver o sofrimento
Que nos causa tal maldade

Não gosto deste trabalho
Me desgasta acordar cedo
Tentei lhe dizer antes
Não tenho o perfil do emprego

O acordar para um pesadelo
É algo desagradável
Todo dia tentei fugir
De uma depressão inevitável

Estou aqui e me sinto preso
Quero expandir meu horizonte
Não adianta ficar aqui
E fazer o mesmo de ontem

Já não aguento mais essa turma
Dias e dias me estresso em vão
Não quero fazer o trabalho deles
Não trabalho sob pressão

Espero que depois dessa
Não haja ressentimento entre nós
Lhe escrevo esta carta
Pois há tempos não tenho voz

Te digo: não tenho voz
Pois falar não adiantaria
Até mandando e-mail
Simplesmente não bastaria

Odeio este trabalho
Mas não queria chegar atrasado
Pois você sempre fica falando
Aquele velho discurso chato

Tão chato que até cansava
Seus feedbacks não são elegantes
Se queria me mandar embora
Já devia te-lo feito antes

Finalmente chego ao fim
Com alívio no coração
Pois não fui mal educado
Em minha carta de demissão