
A cada dia me desanima mais essa coisa toda. Sinto-me exausto, tenho vontade de estar em casa, quieto e inerte. E, curiosamente, acho de deveria estar me sentindo ao contrário. Em terapia as pessoas melhoram, se sentem bem consigo mesmas e com o mundo e como minha terapeuta disse, eu sou uma pessoa do contra. Agora vejo que definitivamente sou.
Se as pessoas olham para cima, vou olhar para baixo, se irem para um lugar que dizem ser bom, é um lugar que eu não irei, se dizem que alguma coisa é ruim, é atrás dela que eu vou. Claro, com exceção da música emo, que de fato há pessoas que dizem que é ruim e não posso discordar, mas isso é outro caso.
Outra coisa que me deixa deprimido em relação a psiquiatria: é um circulo vicioso. Não posso deixar de ressaltar que adoro a psicologia, a psicanálise e que tentei o vestibular de psicologia sem sucesso. Eu busco a razão da minha depressão em razão própriamente dita. Saber que os meus e os nossos problemas não tem um motivo lógico para ocorrer, me deprimiu ainda mais. Passei boa parte da minha vida buscando a razão para um problema em que ela simplesmente não existe?! Imagine o quão deprimente é buscar lógica para o que não há. Mas, explicando a questão do circulo vicioso, minha terapeuta falou que quase todo mundo precisa de terapia, inclusive os terapeutas, logo, o terapeuta tem seu terapeuta, que tem seu terapeuta e assim por diante. De fato, é algo cansativo.
Esperamos, como o pensamento de Nietzsche, um super-homem. O que quero dizer é que ao buscar ajuda psiquiátrica, a última coisa que queremos pensar é que o individuo que o trata também pode estar em tratamento, logo, se ele não consegue tratar de si mesmo, como pode te ajudar?!
Tudo isso me desanima e muito. Deixei de deitar no divã e voltei para o sofá. Em quase um mês de terapia, houve muitos sobes e desces de alto estima e humor e quando paro pensar, é como se não houvesse mudado nada. Pensamento ingrato?! e como! Sinto-me incorrigivelmente do contra, velho e póstumo mentalmente. Escrevo, penso e falo como alguém que já viveu toda uma vida. Como um romântico do século 18 em pleno 21. Meu desespero é como estar se afogando em lugar fechado. Não há lugar para ir, para se esconder, para respirar. É o que eu sinto o tempo todo e até que consigo muito bem me manter em apnéia, mas as vezes, é como ver o norte à sua frente e seguir para o sul.
Não sei até que ponto a terapia me fez ou faz bem. Meus pontos de vista não mudaram, alguns se esclareceram e os que não, espero que não sejam incógnitos para sempre. Mas se não for, qual será a graça em ser alguém?! Quem é previsível e explicável jamais possuirá notoriedade. Nem mesmo de si próprio.