
Confesso ter ficado surpreso apesar de sua tendência auto-destrutiva. Há críticas. Há elogios. Há o desconhecido.
Chamo de desconhecido o fato de a humanidade não saber lhe dar com a morte apesar de ela estar presente todos os dias em nosso cotidiano.
A moça estava ali, viva, fazendo seus shows e sendo vaiada em uma série de performances desastrosas. Bastou não estar mais entre o mundo dos vivos para ser quase endeusada com sua voz e vender suas músicas muito mais do que vendeu em vida. Procuramos isso. Damos muito mais valor quando a obra torna-se limitada. O mesmo aconteceu com Sinatra, Pavarotti, Michael Jackson.
O ponto de elogio é de sua voz e de como ela colocou um estilo de música já estagnado pelo tempo de volta as rádios. Confesso não ouvir muito a sua música e que apesar de ter um álbum o escutei poucas vezes. Ouve-se com outros ouvidos quando a pessoa morre e parece que o som dela está melhor.
A parte crítica é deixar em evidência os erros. O sensacionalismo dos tabloides ingleses que a condenam pelo uso indiscriminado de drogas. Bom, é fato que ela não é a primeira e nem a última celebridade que tem ligação com drogas. Apenas acho que depois da morte esse fato não é tão relevante quanto realmente parece, afinal de contas, Freud, por exemplo, não é tão lembrado como usuário de cocaína quanto pela sua contribuição a psicologia.
As pessoas que se auto destroem sentem uma necessidade natural de fazê-lo tentando viver uma vida inteira da forma mais intensa possível porque não conseguem ver graça numa vida calma. O que quero dizer é que se uma pessoa vive da forma que quer não cabe a nós julgar se o preço foi ou não alto demais.
Sei que sou sujeito a críticas já que no mesmo dia quase cem jovens foram assassinados na Noruega por uma simples questão de intolerância. São muitas vidas, mas resolvi escrever apenas sobre uma. Todas as vidas são importantes, claro, mas acho que não conseguiria escrever algo para cada uma delas.