terça-feira, 30 de outubro de 2018

As vezes acho que fui tudo o que queria ser e passou e ja foi e não consigo recuperar.
É como se a parte criativa de mim tivesse ido embora porque resolvi que ficar doido e se conhecer sem reservas era melhor. E foi, mas agora me sinto um vagabundo.
Eu queria realizar sonhos e as vezes deixei passar porque não tinha a poltrona ou a mesa adequada. Eu invento isso pra me sentir melhor, pois sabemos que é desculpa pra postergar o que se deve fazer da vida: cuidar bem de si pra cuidar bem dos seus.
Eu parei de tocar guitarra, eu parei de me sentir eu mesmo por muito tempo. E a gente não sabe se o que faz isso é a vida mesmo ou as circunstâncias dela, mas basicamente, as coisas acontecem porque se está vivo.
Eu ainda durmo muito, sempre quero pensar melhor por dormir mais, mas como uma coisa não tem a ver com a outra. Porra eu durmo demais e fico assombrado e deixei de produzir o positivo a partir disso. Eu sou assim, a criatura que sempre se deu melhor com a noite.
O brilho da tela incomoda, era só o que faltava pra eu usar como desculpa, digitar apenas olhando o teclado. Por isso fica tudo tão desconexo e solto.
Não quero pensar que fiquei aqui escrevendo uma par de lorotas pra mim mesmo.
Eu queria dormir porque ja me é hora, mas o assombro da vida não deixa.
E acabo ali, na cama, inerte, e esperando que algum momento tudo mude.
A necessidade de me sentir entorpecido tomou conta de mim.
A vida realmente é isso: correr atrás de seus confortos, amar, rir e se entorpecer. (ir atras de seus confortos é trabalhar mesmo, é que dessa forma soa com mais vontade de se sentir firme).
O complicado é quando o vício é gratuito. O cérebro gera a dopamina, a vida sempre convida a fazer e quando se olha se tem um vício. Como pode o cérebro querer se enganar dessa forma e porque essa forma na mente é tão boa?!
É difícil quando o corpo pede pra deitar, mas a mente pede pra ficar de pé.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Sem título

Me senti até melhor depois do último post.
Da pra morrer mais tranquilo.
Aiai.

Carta ao pai

Caro pai,
Antes de mais nada, resolvi escrever porque parece que foi aberta uma temporada de cartas.
Acho que você não me entende porque não me ouve e... eu não sei porque não me ouve.
Assim como você adora bancar o dono da verdade com suas experiências de vida e sua sabedoria, eu gostaria de lhe dizer que eu também possuo certas experiências de vida e que você nem percebeu em como lidei com elas.
Não sei se se recorda, mas há pouco mais de 10 anos passamos por uma situação complicada em nossas vidas. Um momento muito turbulento em casa nos assombrava. Não sei se vale lembrar, mas veja a situação: você já tinha seus 40, 41 anos, e esse momento assombroso lhe aconteceu e você já tinha 40 anos de experiência. Pois bem, eu tinha 12. Doze. DOZE!
Acredito que não faça a menor ideia de que forma essa situação me destruiu. Meu caro, eu acredito, que ainda com 40 anos essa experiência pode ter sido dura, imagina para mim. Oh, meu caro, coloque-se em meu lugar por alguns instantes.
Até hoje eu desconfio de qualquer contato de algum desconhecido oferecendo amizade. Custei muito a fazer amizades e ainda assim sempre imaginei e ainda imagino que as vezes eles podem conspirar contra mim. Claro que parece insano, mas a partir disso, dessa experiência ruim, sem um acompanhamento seu, talvez, minha vida não foi a maravilha que imagina.
Eu banco o dono da verdade, assim como você, porque acredito estar anos a frente das suas experiências difíceis porque sinto que enfrentei essa experiência sozinho. E que cresci sozinho. Sem dividir nada com você ou com alguém em casa.
Eu não consigo me esquecer de uma ocasião quando eu tinha 12 anos e fazia menos de um ano que a gente morava nessa cidade.
Lembro que sua filha passava todas as noites deitada no sofá maior depois que você e a minha mãe iam dormir e que eu era obrigado a ficar no sofá menor e sem escolher os canais, já que ela ficava no sofá maior, ficava com o controle da tv. Enfim, lembro-me de um dia em que eu quis me deitar no sofá maior e isso me foi negado pela sua filha. Poxa, ela não poderia abrir uma exceção só por uma noite? Seria tão ruim assim para ela?
Então ela fez barulho e eu fiz barulho, você desceu bravo e começou a me chacoalhar como se eu fosse o culpado de todo aquele turbilhão que acontecia. Eu não podia ter direito a um dia, um dia, pra poder deitar no sofá maior sem ser culpado por aquilo que acontecia?
Você me chacoalhou e chacoalhou e gritava na minha cara passavamos por "uma baita de uma crise". Nunca me esqueci disso. Nesse dia percebi que você estava errado. Meu pai estava errado e não bastava isso: ele tirou meu direito de defesa, de tentar me defender. Era tão errado eu ter a porcaria do sofá maior por uma noite?
VOCÊ FOI INJUSTO E EU NUNCA ME ESQUEÇO DISSO!
Doeu.
Doeu e dói.
Eu não posso conversar com você por que além de não ouvir, julga. E julga errado.
VOCÊ ESTÁ ERRADO SOBRE MUITAS COISAS.
Sua experiência não é tudo. Lembre-se que todos os problemas que você enfrentou depois dos 40, eu enfrentei depois dos 12.
A vida é diferente, as questões são diferentes, o contexto é diferente e você parece não se atentar a isso.
VOCÊ É UMA PESSOA QUE SÓ OBSERVE E JULGA O FENÔMENO.
Você, logo você, que julga baseado nas suas experiências, parece não ver que as pessoas agem com a experiência delas. Não basta julgar o ato de uma pessoa. A vivência desta pessoa simplesmente não importa em nada?
Eu sempre fui uma pessoa um tanto peculiar e depois dos 11 anos passei a ter uma tristeza e um desespero incontrolável.
VOCÊ NÃO PODE ACHAR O QUE EU DIGO É BESTEIRA.
Quando eu digo sobre ter vontade de morrer e você acha que é uma besteira, você está errado.
Você não pode dizer que é besteira, que a vida "confortável" que tivemos, com patrimônios, podem, simplesmente desaparecer com qualquer desejo primitivo de raiva, de explodir de raiva, de desejo de matar, de desejo de morrer. Você não percebe o quanto isso é sério.
Eu tenho 21 anos, há 10, eu tenho momentos em que eu desejo morrer, em que eu planejo minha própria morte, e como eu disse, você não pode achar isso besteira. Pelo deus que você acredita, você não pode achar isso besteira, meu caro pai. Isso é sério.
Minha vida está tomando uma forma e as vezes simplesmente não há quero.
As vezes minha vida parece que veio numa forminha e eu to vivendo ela como um bolo que cresce no forno e fica bom para que se possa desfrutar.
Muitas vezes não a quero.
Tenho minhas responsabilidades e não posso jogar as coisas pro ar. Nunca fui menino disso. Embora as vezes gostaria de faze-lo pra me sentir por uns instantes, isento de qualquer responsabilidade porque elas pesam e doem. E elas doem até eu querer morrer.
Bom, acho que é isso, se com base nas suas experiências, você chegou até aqui sem achar que tudo que escrevi foi um punhado de besteiras, que bom. Obrigado.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Sobre a vontade

Acho que essa minha vontade de viver
Vai ser a causa da minha morte.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Amargura

"Mas por que tamanha amargura?"
Quando parei para pensar nisso me vi amargo, triste, niilista.
Percebi que minha vida é isso porque cresci para isso, fui educado assim. Fui simplesmente educado para me frustrar.
Cresci buscando um apoio que nunca me foi alcançado. Me vi e me permitir crescer vendo as frustrações crescendo ao meu lado e ninguém para me tirar de perto dela.
Não estou reclamando que as pessoas no passado deviam ter me oferecido apoio, não. Eu podia ter feito algo, podia mesmo, mas não sabia que podia. E no meu mundo, coisas que não eram tão difíceis aparentavam ser impossíveis.
É difícil. É frustrante.
Vejo o tempo passar, vejo tudo que podia fazer e não faço. Vejo meu potencial sendo jogado no lixo todo dia e nenhuma solução me vem.
Não percebem meu potencial, não se importam com o meu potencial. Não é dado a mesma importância que eu dou para o que eu acho importante. Isso me frustra.
Eu não sinto apoio, não acredito que ele esteja próximo de mim. Essa desesperança, descrença em mim mesmo me mata aos poucos. É como se a minha complexidade não fosse levada a sério.
Como não vou ser amargo se não posso ser nem ao menos sincero?
Minha sinceridade incomoda aos demais e muito.
Minha família não vê isso. Agem como não se importassem. Sou apoiado a deixar meus sonhos irem embora porque acham que é o melhor para mim. E não podem dizer que não porque, sim, deixam minhas aspirações irem embora e não pensam se talvez eu quisesse fazer diferente.
Eu vejo minha família colocar obstáculos para mim que existem para qualquer outra pessoa, mas que quando é aplicado a mim, parece uma causa impossível, algo completamente inviável e minha solução não é posta como a melhor.
Na verdade eu só vejo minha família dar importância as coisas que matam meus sonhos. E ainda as tratam como o melhor para mim.
"Mas por que tamanha amargura?"
Ela agora aparece tão óbvia, clara. Mas e daí?