sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Maturidade (puro)

"Acabei de dar um check up geral da situação, o que me levou a reler 'Alice nos País das Maravilhas', já chupei a 'Laranja Mecânica' e lhe digo mais, plantei a casca na minha cabeça..."
Ouvindo esse trecho da música do Raulzito, fui obrigado a fazer um check up geral da minha situação. O que andou acontecendo nos últimos dias não só comigo, mas com tudo à minha volta. Acho que fazê-lo é algo que nos faz crescer.
E depois de fazer o tal check up, decidi que deveria ler Alice. Oras, se um quarentão conhecido e respeitado se da ao trabalho de relê-lo, quem sou eu para achar a obra algo infantil?! Afinal de contas, a tal "Laranja" eu já tinha chupado há quase um ano.
Estava para escrever sobre isso há um tempo, mas achei que seria legal ler Alice antes de vir depor no blog.
Realmente, não é uma obra infantil. Aos 13 anos, fui convidado pela professora na 7º série a ler, pois haveria um trabalho sobre. Peguei o resumo, achava a obra infantil demais para me dar ao trabalho. Ainda bem que não o li. Os momentos no livro em que chegamos até uma crise existencial seria muito forte para eu aguentar em plena depressão. Afinal de contas, quem somos?! O que fazemos?! Onde quero estar?! Como eu mudei, o que há mais para mudar?! Acredito que um livro infantil não me faria refletir tanto. Se eu o tivesse lido aos 13, acho que iria me esconder no canto do quarto e cair em um choro compulsivo.
Eu já devia estar dormindo, mas a imaturidade não me permite que me renda a dormir e aturar o que chamo de uma "depressão inevitável". O trabalho. Esta semana inteira cheguei atrasado. Imaturo, sim, mas quem é o louco que acorda feliz sabendo que lá vem stress na sua cabeça?!
A questão é: O que é maturidade?! Por que alguém demora uns 40 anos pra fazer um check up geral de si mesmo?!
No meu caso, como uma criança tímida de poucos amigos sobe num palco e faz um show anos depois?! Como de jovem quieto em um show eu tenho a audácia de me jogar contra uma bateria?! Acredite-me, fiz isso uma vez ano passado em uma hora de muita insanidade.
Por que há necessidade de crescer e se jogar em um mundo estranho e selvagem onde trabalho é bom, se deixar alienar é bom, não ter opinião é bom?! Pra mim isso é um absurdo.
Outra coisa, assim como no livro, acho o tempo ridículo. Quem lê o que escrevo sabe o quanto odeio o tempo e fato de sermos obrigados a seguir suas regras. Acho ridículo andar com o tempo preso ao corpo quando em um livro, podemos ser amigos dele. Acho que músicas falam disso, tipo aquela do Pato Fu: "Tempo tempo, mano velho, falta um tanto ainda eu sei, pra você correr macio..."
Ao pararmos para crescer, façamos todos um check up geral e conversemos com o tempo, quem sabe podemos chegar a um acordo. Para ser sincero, nem eu depois de odiá-lo tanto parei para ter a brilhante e genial idéia de conversar com ele.
Meu check up vai além de Lewis Carroll. Ainda tenho de ler Nietzche, Dostoiévski, Kafka, por aí vai, acho necessário não apenas ver o mundo, mas lê-lo também é essencial.
Estamos em novembro, chocantemente em novembro. "Os dias foram longos, mas o ano foi curto." Por onde andamos enquanto o mundo girava?

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