A obra que me refiro é Ecce Homo. A princípio caracterizada como auto-biografia, de cara já mostra sua real face: o egocentrísmo.
Para mim, quando se fala em biografia, auto-biografia, penso na história cronológica do indivíduo, fatos de sua vida que merecem ser ressaltados afim de dar graça e interesse ao leitor, o que não é o caso deste livro.
Nietzsche assumi um papel um tanto megalomaníaco. Ele tenta ser grande, parecer grande, mas aos poucos, em pequenos trechos, ele se contra diz. Para um exemplo claro cito a questão de ser ou não um decadente.
Aparentemente, todo mundo é decadente, menos ele e o seu fiel Zaratustra (criado por ele mesmo). Ele cita no início e em vários trechos sobre a dor de estômago, característica fundamental do decadente. A dor ocorre porque o indivíduo guarda para si muito ressentimento, angústia, raiva, desejo de vingança, empatia, compaixão, etc. Porém, em certa parte do texto confessa, ainda que com certo receio, sofrer um pouco do intestino. Pronto, acabou de confessar que é um decadente.
Seu quase extremo machismo é outro fato que já me deixou com menos vontade de lê-lo. Ele definitavemente trata a mulher como a maquina de fazer filhos. Se ela não quer ter filhos ou lutar pelos seus direitos, é uma decadente. Achei um absurdo um sujeito da mentalidade dele não reconhecer os direitos e o alto intelecto que a mulher pode possuir. Acho que se hoje ele soubesse que mulher vota e ocupa altos cargos de chefia, teria um ataque do coração.
O fato é que esta obra já exprime um pouco de sua insanidade, assim como o final de "O Anticristo" cujo o livro é muito bom, mas o final possui trechos que só Zaratustra entenderia.
Na minha cabeça fica a conclusão de que: Nietzsche te da conhecimento suficiente a ponto de se poder questionar o próprio. Em um exemplo esdrúxulo é como se um político investisse em educação e responsabilidade fiscal para no final de seu mandato ser indiciado por corrupção. No mínimo... non sense.
Lendo livros assim, sinto falta daqueles que só parava de ler porque acabavam.
0 comentários:
Postar um comentário